Notícias |13.12.2018

Estudo sobre os 199 mananciais de abastecimento público do Estado do Rio é lançado no Museu do Amanhã

Dois importantes estudos relacionados ao planejamento, formulação, aperfeiçoamento e ampliação de medidas para proteção e recuperação de mananciais, com destaque para as florestas na sua importante função de proteger o mais precioso recurso natural do planeta que é a água foram lançados, nesta quinta-feira (13/12), em um evento no Museu do Amanhã, no Centro do Rio. As publicações são uma iniciativa do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), a Fundação Grupo Boticário, a The Nature Conservacy e o World Resources Institute.

“É um motivo de muito orgulho está aqui, podendo apresentar trabalhos como esse. Isso resume a satisfação e honra que eu tenho de ter trabalhado por tanto tempo com equipes tão apaixonadas e eficientes aqui no Inea”, afirmou o presidente do Inea, Marcus Lima.

“Quando a gente vê um trabalho dessa qualidade, nos questionamos, será que estamos preparados para conduzir uma politica de proteção aos recursos hídricos, será que os governos tem confiabilidade para conduzir uma política de proteção e garantia de recursos hídricos?Isso tem que virar uma política de Estado. É importante que a gente tenha essa reflexão, porque quando garantimos a água, o bom manejo e gerenciamento dos mananciais, em ultima análise justificamos isso, que é a proteção dos ecossistemas”, destacou o diretor de Biodiversidade, Áreas Protegidas e Ecossistemas do Inea, Paulo Schiavo.

Um dos estudos lançados é o “Atlas de Mananciais de Abastecimento Público”, uma iniciativa do Inea. A publicação expõe um panorama dos principais corpos hídricos responsáveis pelo abastecimento público do Estado do Rio de Janeiro e traz informações para caracterização e análise dos 199 mananciais de abastecimento público responsáveis pelo abastecimento de todos os municípios fluminenses.

Desses 199 mananciais, 147 apresentaram maior favorabilidade para adoção de estratégias de proteção de recuperação de mananciais, correspondendo a 190 mil hectares de áreas de interesse para proteção e recuperação ambiental. Sobre reflorestamento, foram identificados cerca de 795 mil hectares com alta e muito alta prioridade para restauração florestal nas áreas desses mananciais. Além disso, mais da metade das captações de água (56%) e cerca de 15,3% das áreas de mananciais do Estado (cerca de 450 mil hectares) estão localizadas no interior de Unidades de Conservação. Este dado destaca e reforça a importância das áreas protegidas para a preservação de nossas fontes de água.

Os resultados do Atlas já foram utilizados e aplicados na concepção de dois projetos de proteção de mananciais do Programa Pacto pelas Águas, o Projeto Águas de Barra Mansa e o Projeto Água do rio das Flores. A partir dessas duas iniciativas, a SEA e o INEA vêm promovendo a restauração florestal de 644,8 hectares em nascentes, matas ciliares e áreas de recarga na bacia do rio das Flores e do rio Bananal, mananciais de abastecimento público dos municípios de Valença e Barra Mansa.

“Hoje lançamos não só um produto, mas também o resultado de um programa. Estamos lançando a cartilha que divulga o Programa Pacto Pelas Águas e que foi regulamentada através da resolução Inea 158/18, também divulgamos o Atlas dos Mananciais de Abastecimento Público do Estado do RJ e o geoportal do Programa Pacto Pelas águas, que contém toda a informação e os dados geoespaciais relacionados à publicação e disponíveis ao público para download e visualização, trazendo transparência e compartilhamento da informação para a sociedade.Esse trabalho não se encerra aqui. Ele é apenas um primeiro passo para que se gere informação para ação”, afirmou a Coordenadora da Coordenadoria de Gestão do Território e Informações Geoespaciais (Coget) do Inea Marie Ikemoto.

O outro estudo que será apresentado é “Infraestrutura Natural para Água no Sistema Guandu, Rio de Janeiro” A publicação apresenta como a restauração florestal de pastagens erodidas poderia aumentar significativamente a qualidade da água na bacia do Guandu. A restauração, como infraestrutura natural, é estratégia viável e potencializa a eficiência das estruturas convencionais, com resultados financeiros positivos e retornos de investimento combatíveis com o setor de saneamento. Esse estudo foi realizado em parceria com o World Resources Institute, Fundação Grupo Boticário, The Nature Conservancy (TNC) e Instituto Bioatlântica, com apoio do The Natural Capital Project e Fundação FEMSA.

“Estamos falando hoje de dois estudos que vão contribuir com a segurança hídrica dos municípios do Rio e principalmente para a região metropolitana. Gostaria de lembrar que, em fevereiro de 2015 se não chovesse, apesar de todo os esforços realizados pelos comitês e outras instituições, a cidade do RJ e a região metropolitana não teriam água para consumo, e às vezes depois que a crise financeira passa isso acaba sendo esquecido”, afirmou Hendrik Mansur, especialista em Conservação daThe Nature Conservancy.

Os estudos foram elaborados tendo como pano de fundo a crise hídrica de 2014, cenário que apontou como um dos principais problemas a baixa cobertura florestal nas áreas de mananciais, e em especial, nas áreas de nascentes, matas ciliares e entorno de reservatórios. Desde então, diversas iniciativas têm surgido para promover a conservação e o reflorestamento em áreas estratégicas.

Fotos: Yan Caetano