Notícias |14.01.2021

Instituto Estadual do Ambiente retoma atividades em trilha mapeada por DarwinO atrativo no Parque Estadual da Serra da Tiririca esteve no roteiro do famoso naturalista em 1832

O Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset), unidade de conservação administrada pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), retomou as atividades em um dos seus principais atrativos: a trilha Caminhos de Darwin. Respeitando todas as medidas de higiene e distanciamento físico por conta da pandemia, a unidade de conservação volta a receber grupos de visitantes interessados em percorrer o trecho mapeado pelo famoso naturalista em 1832. 

Atualmente é possível refazer o mesmo trajeto bucólico por um caminho de terra de 2 km mapeado por Charles Darwin, que corta de Oeste a Leste a Serra da Tiririca pelo vale formado com as encostas do Morro da Serrinha, interligando Niterói a Maricá. O local não estava recebendo visitantes devido à pandemia do novo coronavírus. 

Segundo o gestor do parque, Leandro Augusto Silva, o atrativo é importante para a comunidade. “Além do contato com a natureza durante a caminhada, os moradores passam a conhecer a história do local em que vivem. Por se tratar de um trecho de grande relevância histórica e ecológica, o Caminho de Darwin pode despertar um sentimento de pertencimento na população, a partir do entendimento da importância de preservá-lo”, destaca Silva.

É fácil achar o início do Caminho Darwin no Parque Estadual da Serra da Tiririca, pois está sinalizado com placas interpretativas, além de ser a continuação natural da Rua São Sebastião (antiga Estrada do Vaivém), uma das principais ruas no bairro de Engenho do Mato, em Niterói. O agendamento de grupos pode ser feito pelo e-mail peset.usopublico@inea.rj.gov.br. Mais informações sobre o atrativo podem ser encontradas aqui.

Para participar dos passeios, os visitantes deverão respeitar as seguintes medidas estabelecidas pelo Inea: uso de máscara; limite máximo de dez pessoas por grupo; manter distância mínima de dois metros das pessoas; e levar álcool em gel. Todo o resíduo produzido durante a visita deve ser retirado e descartado adequadamente fora do parque.

Retomada das atividades no Caminho de Darwin

História do atrativo

No início do século XIX, a Marinha inglesa financiou uma viagem com objetivo de realizar o mapeamento cartográfico da costa da América do Sul, a bordo do navio HMS Beagle e sob comando do capitão Robert FitzRoy. Junto com o restante da tripulação, no dia 27 de dezembro de 1831, Charles Darwin, um jovem de 22 anos, recém-formado em Teologia, mas com forte inclinação pelas Ciências Naturais, deixou a Inglaterra para participar dessa jornada.

Durante a famosa viagem ao redor do mundo a bordo do navio Beagle, o naturalista britânico Charles Darwin permaneceu no Rio de Janeiro por alguns meses e aproveitou esse tempo realizando inúmeras expedições pelas nossas matas. 

Charles Darwin deixou registrado o seu encantamento com a beleza da Serra da Tiririca quando a cruzou a cavalo por uma antiga trilha, chegando à Fazenda Itaocaia, fundada no século XIX, onde almoçou.  

“Após passar por uma região cultivada, adentramos uma floresta cuja grandeza não podia ser superada. À medida que os raios de sol penetravam a massa emaranhada, lembrei-me energicamente de duas gravuras francesas feitas a partir dos desenhos de Maurice Rugendas e Le Compte de Clavac. Elas representam bem o número infinito de cipós e plantas parasitas e o contraste das árvores florescentes com os troncos mortos e podres. Eu não conseguia de maneira alguma parar de admirar essa cena. Chegamos por volta do meio-dia a Itaocaia, pequeno vilarejo situado em uma planície”, escreveu o naturalista em seu diário de bordo.

Fotos: Rafael Oliveira