Notícias |14.11.2019

Inea celebra os 40 anos do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro no Museu do AmanhãReferência no Brasil e no mundo, o centro administrado pelo Inea, contribuiu para a conservação das espécies de primatas brasileiros como o mico-leão-dourado, o muriqui e o sagui-da-serra-escuro

O Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ) completa, agora em novembro, 40 anos de criação e, para comemorar, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), órgão vinculado à Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (Seas), e o Museu do Amanhã promoveram nesta quarta-feira (13/11) o seminário “CPRJ 40 anos: caminhos para a preservação”.

O evento gratuito, e aberto ao público em geral e especializado, trouxe importantes pesquisadores em primatologia para falar sobre a contribuição do centro nos estudos e pesquisas para a conservação dos primatas. Além disso, o seminário foi uma oportunidade para conhecer as ações desenvolvidas pelo CPRJ em prol da conservação dos primatas brasileiros e as principais linhas de pesquisa desenvolvidas ao longo desses 40 anos.

“O Centro de Primatologia do Rio de Janeiro foi a primeira instituição nacional focada na conservação de primatas no Brasil. Desde sua criação, o centro se destacava por sua atuação em pesquisa e conservação de espécies nativas, especialmente as ameaças de extinção, como o caso do mico-leão-dourado”, afirmou a subsecretária de Conservação da Biodiversidade e Mudanças do Clima e bióloga, Eline Martins, durante a abertura do evento, ressaltando as contribuições significativas do centro para as ações ambientais no estado do Rio.

Além de abrigar exemplares de espécies ameaçadas de extinção da Mata Atlântica, do Cerrado e da Amazônia brasileira, o centro contribui para a participação e assessoramento na elaboração de todos os planos de ação nacionais para primatas coordenados pelo ICMBio e fornece apoio veterinário a projetos de reintrodução de primatas ameaçados, como o projeto Refauna da UFRJ, que promove a reintrodução do bugio no Parque Nacional da Tijuca.

“Passados 40 anos, o CPRJ se mantém fiel ao seu propósito de criação. E o Inea não mede esforços para o manter funcionando e reconhecido como referencia mundial nos estudos sobre os primatas”, acrescentou o diretor de Biodiversidade, Áreas Protegidas e Ecossistemas do Inea, Diego Alves.

Para o gerente de Fauna do Inea, Eduardo Lardosa, o seminário foi além de um evento comemorativo. O evento faz parte de um movimento do instituto para mostrar a sociedade a importância da conservação dos primatas e o que o órgão ambiental estadual vem fazendo pela fauna e pela biodiversidade fluminense.

Durante a programação do “CPRJ 40 anos: caminhos para a preservação”, ministraram palestras o gestor do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, Alcides Pissinatti, e especialistas do ICMBio, Fiocruz e Associação Mico-Leão-Dourado. O evento está alinhado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas número 15, que defende a importância da adoção de medidas para “deter a perda de biodiversidade”.

CPRJ ontem e hoje

Em 1979, foi criado o Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ) pelo biólogo e primatólogo Adelmar Faria Coimbra-Filho. O pesquisador, e o movimento conservacionista que liderou, ajudou a evitar que o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) e outras espécies de primatas entrassem em extinção. Coimbra possui cerca de 200 publicações entre livros, capítulos de livros e artigos científicos publicados, alguns deles na Nature, a mais antiga e respeitada revista científica do mundo. Desde então o CPRJ cresceu muito, e ampliou suas instalações e sua atuação.

Seu sucessor, Alcides Pissinatti, membro da Academia Brasileira de Medicina Veterinária (Abramvet), está na direção do CPRJ desde 1993, quando Coimbra-Filho se aposentou. “Quero agradecer a presença do doutor Haroldo Matos de Lemos que, como presidente da Feema, antigo órgão ambiental do estado do Rio de Janeiro, possibilitou o início de todo esse trabalho com a instalação do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, que teve evidentemente uma equipe brilhante a ajudá-lo. Nessa equipe eu falo de Adelmar Faria Coimbra-Filho, com o qual nós começamos a construir o centro”, contou Pissinatti durante abertura do seminário.

Hoje o CPRJ integra a estrutura da Gerência da Fauna, setor vinculado a Diretoria de Biodiversidade, Áreas Protegidas e Ecossistemas do Inea. No campus do CPRJ vivem cerca 360 símios de 35 espécies ameaçadas de extinção da Mata Atlântica, do Cerrado e da Amazônia brasileira, em um espaço de 273 hectares, no Parque Estadual dos Três Picos, que é administrado pelo Inea. O centro conta com dois médicos veterinários, um assistente administrativo, dois auxiliares e 13 tratadores, equipe que cuida dos animais e desenvolve pesquisas voltadas para os primatas e a saúde pública.

O CPRJ participa de pesquisas sobre a malária símia, em parceria com a Fiocruz e com o Instituto René Rachou, em Belo Horizonte, e sobre dengue, zika e chikungunya com a Universidade Federal do Piauí e o Instituto Evandro Chagas. O centro também assessora tecnicamente a Secretaria de Estado de Saúde e outros órgãos governamentais para o enfrentamento do surto e epidemias, como o febre amarela em 2017 e 2018, no Rio.