Sistemas de abastecimento público de águaGuandu - Lajes - Acari
Este é o sistema de abastecimento mais importante do Estado do Rio de Janeiro. Sua grande engrenagem combinada fornece água à maior parte da Região Metropolitana, atendendo a cerca de 8,6 milhões de habitantes.
Sistema Guandu – Lajes – Acari
Belford Roxo, Duque de Caxias, Itaguaí, Japeri, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Queimados, Paracambi, Rio de Janeiro, São João de Meriti e Seropédica são os municípios atendidos a partir de uma vazão conjunta de 49.400 l/s, dos quais 42.000 l/s provêm apenas da Estação de Tratamento de Água (ETA) Guandu.
A Estação de Tratamento de Água do Guandu localiza-se no município de Nova Iguaçu e tem sua estrutura de tomada d’água constituída por um conjunto de comportas e equipamentos de manobra localizado no Rio Guandu.
A água é aduzida por gravidade através de dois túneis com 270 m de comprimento até os canais desarenadores, onde sofre grande redução de velocidade, o que provoca a sedimentação das partículas mais pesadas. A partir daí, a água flui para os poços de sucção das elevatórias de água bruta, passando por um sistema de gradeamento para proteção das bombas.
As elevatórias de água bruta possuem 22 grupos moto-bombas, sendo 17 com vazão de 2,50 m³/s e cinco com vazão de 3,50 m³/s. Essas elevatórias geram energia suficiente para, ao longo de 3 km de linhas adutoras em aço, transportar a água bruta até uma caixa que serve como elemento de transição e tranquilização na chegada às estações de tratamento do Guandu.
A ETA Guandu é composta por duas estações de tratamento independentes: a Velha Estação de Tratamento de Água (Veta), inaugurada em 1955, e a Nova Estação de Tratamento de Água (Neta), inaugurada em 1982. A Veta é composta por nove floculadores, nove decantadores e 72 filtros, e a Neta, por quatro floculadores, seis decantadores e 60 filtros. A maior diferença entre as duas estações está na fase de decantação: a Veta possui decantadores convencionais de fluxo horizontal, e a Neta, decantadores lamelares de fluxo vertical ascendente.
Após a realização do tratamento, a água deixa a ETA através de dois subsistemas: Marapicu e Lameirão. No subsistema Marapicu, a água é bombeada de três elevatórias de alto recalque, denominadas ARG (Alto Recalque do Guandu), NARG (Novo Alto Recalque do Guandu) e NEZR (Elevatória da Zona Rural), até o Reservatório do Marapicu, com capacidade de 20.000 m³. Aproximadamente 50% da água tratada é bombeada para esse reservatório. Dele partem seis adutoras, que levam a água para a Zona Oeste e a Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro e para a Baixada Fluminense.
No subsistema Lameirão, a água é aduzida por gravidade, através de um túnel subterrâneo pressurizado, até a Elevatória do Lameirão, localizada no bairro de Santíssimo. Essa elevatória subterrânea possui sete grupos moto-bombas, sendo cinco com vazão de 4,6 m³/s e dois com vazão de 2,3 m³/s.
A água é bombeada através de dois shafts (túneis verticais) escavados em rocha até atingir o início do túnel (Adutora Veiga Brito). A partir desse ponto, a água volta a ser aduzida por gravidade, abastecendo em marcha, ao longo de 33 km, vários bairros da Zona Oeste, Zona Norte, Centro e Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, além do município de Nilópolis, na Baixada Fluminense.
O aproveitamento desse sistema tornou-se possível graças à construção da Barragem e do Reservatório de Lajes, em 1905. Sua entrada em operação se deu em 1940, com a conclusão da construção da sua primeira adutora. Posteriormente, em 1949, o sistema foi ampliado com a construção da segunda adutora, instalada para garantir o perene e ininterrupto abastecimento do então Distrito Federal, atual cidade do Rio de Janeiro, que à época era abastecido exclusivamente por adutoras sujeitas a regimes de variação sazonal de vazão (mananciais locais e Sistema Acari).
As adutoras de concreto armado ligam a usina hidrelétrica no município de Piraí ao Reservatório do Pedregulho, em Benfica, no município do Rio de Janeiro, passando por Seropédica e Nova Iguaçu.
Atualmente, a captação desse sistema é feita a jusante do Reservatório de Lajes, após o turbinamento da Usina Hidrelétrica (UHE) Fontes Nova. Trata-se de uma captação superficial feita num canal de seção retangular, denominada Calha da Cedae. A alimentação da usina é feita a partir do Reservatório de Lajes, que recebe contribuições da Bacia do Ribeirão das Lajes e da parte alta da Bacia do Rio Piraí, através do Túnel de Tocos. As águas desse reservatório apresentam boa qualidade para consumo público, necessitando apenas de tratamento simplificado, e não se misturam com aquelas provenientes da transposição do Rio Paraíba do Sul, que são armazenadas sucessivamente nos reservatórios de Santana e de Vigário.
A partir do município do Rio de Janeiro, cerca de 8,5 km após a ETA Guandu, as adutoras do Sistema de Ribeirão das Lajes se interligam às adutoras de água tratada do Sistema Guandu, formando um único sistema.
O Sistema Acari é formado por cinco linhas adutoras implantadas entre os anos de 1877 e 1909. Conhecidas na época como “as grandes adutoras de ferro fundido”, ou “linhas pretas”, elas foram responsáveis, até os anos 1940, por cerca de 80% do volume de água disponível para o abastecimento da cidade do Rio de Janeiro.
Esse foi o primeiro sistema de abastecimento de água a recorrer a mananciais situados fora dos limites da cidade do Rio de Janeiro (nesse caso, as nascentes das Serras da Bandeira, do Tinguá, do Macuco e do Couto, localizadas nos municípios de Nova Iguaçu e Duque de Caxias).
Partindo desses municípios, essas adutoras atravessam os municípios vizinhos de Belford Roxo e São João de Meriti, estendendo-se até o Reservatório do Pedregulho, localizado no bairro de Benfica, município do Rio de Janeiro.
Esses sistemas possuem obras muito simples de captação e apresentam regimes irregulares de vazão. Inicialmente, a adução era feita por gravidade. Entretanto, devido ao crescimento da demanda com o passar dos anos, foram necessárias obras ao longo do sistema, as quais culminaram na construção da Elevatória de Acari, em 1933. A água produzida pelo Sistema Acari sofre apenas desinfecção, tendo em vista que as captações desse sistema encontram-se em bacias hidrográficas preservadas, compostas de amostras representativas da Mata Atlântica (Reserva Biológica do Tinguá).
Atualmente, a vazão média produzida pelo sistema é de 1.900 l/s, o que faz sua área de influência se limitar às regiões próximas das captações dos municípios de Nova Iguaçu e Duque de Caxias, chegando, no máximo, a abastecer algumas áreas no município de Belford Roxo.
No trecho compreendido entre Belford Roxo e o Reservatório do Pedregulho, no município do Rio de Janeiro, as cinco linhas adutoras que formam o Sistema Acari se interligam às adutoras de água tratada do Sistema Guandu, formando um único sistema.