Hoje, 3 de outubro, é celebrado no território nacional o Dia das Abelhas. Embora a imagem das colmeias e do ferrão seja a mais associada a esses insetos, nem todas as espécies seguem esse padrão. É o caso da jataí (Tetragonisca angustula) e da mandaçaia (Melipona quadrifasciata), vizinhas do Hotel de Abelhas no Parque Estadual da Pedra Selada, unidade de conservação administrada pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), em Visconde de Mauá.
– As abelhas são pilares fundamentais da nossa segurança alimentar e da manutenção dos ecossistemas. Sem seu serviço, teríamos uma drástica redução na produção de frutas, legumes e grãos, além do desaparecimento de inúmeras plantas nativas que sustentam a biodiversidade – declara o secretário do Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi.
A maioria das outras espécies frequentadoras do parque é solitária e constrói abrigos temporários em vez de colmeias permanentes. Esses insetos desempenham papel crucial na polinização de grande parte dos alimentos consumidos pela população brasileira. Embora estejam ameaçados pelo desmatamento e pela degradação ambiental, estão presentes na unidade de conservação durante todo o ano, reforçando a qualidade ambiental do local.
Inaugurado em 2021, o hotel foi construído com materiais naturais como bambus, madeira bruta, troncos e folhas secas. Suas estruturas quadrangulares servem como refúgio para uma variedade de polinizadores e outros animais. Além das abelhas sem ferrão, o ambiente saudável atrai vespas, formigas e até pequenas aves que utilizam as cavidades para fazerem seus ninhos.
O espaço tornou-se uma atração turística e de educação ambiental significativa para a região, registrando média de 1.500 visitantes mensais. O sucesso da iniciativa se reflete nos números: apenas no último ano, mais de 16 mil pessoas visitaram o local para observar essa diversidade de espécies em convívio harmonioso.
As abelhas sem ferrão estão em uma tribo chamada meliponini, com cerca de 500 espécies. Uma das mais notáveis é a Mandaçaia (Melipona quadrifasciata), cujo nome tem origem indígena e significa “vigia bonito”. Ela é uma abelha social brasileira, que vive em populações reduzidas e a produção de mel pode chegar a 4 litros por temporada. O líquido é caracterizado por sabor cítrico suave e possui propriedades antimicrobianas, sendo tradicionalmente utilizado no tratamento de afecções bucais, da garganta e oculares.
Outra espécie social que chama a atenção por quem passa no local é a jataí (Tetragonisca angustula), que é nativa da América do Sul e Central. Ela não possui ferrão e seu ciclo de vida dura até 60 dias. O seu mel atrai admiradores, pois uma de suas propriedades é o combate ao envelhecimento.
Diferente das abelhas solitárias que utilizam a casa com diversas espécies, a Jataí e a Mandaçaia são espécies sociais, que ganharam sua própria residência.
A unidade de conservação abriga ainda outras espécies endêmicas da América Latina, criando um ecossistema integrado onde cada organismo cumpre funções ecológicas específicas, desde a polinização até o controle natural de pragas.
Sobre a unidade de conservação
Com aproximadamente oito mil hectares, o Parque Estadual da Pedra Selada abrange partes dos municípios de Resende e Itatiaia e também uma região do Médio Vale do Paraíba do Sul fluminense da Serra da Mantiqueira. Tem como principal atrativo turístico o pico da Pedra Selada, com 1.755 metros de altitude, de onde é possível ter uma visão de 360 graus do Vale do Paraíba e da Serra da Mantiqueira, incluindo o Pico das Agulhas Negras, além de uma bela vista do Rio Preto que faz a divisa entre os Estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais.