O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) registrou pela primeira vez a aparição da Maitaca-verde (Pionus maximiliani) na região do Parque Estadual da Lagoa do Açu (PELAG), em Campos dos Goytacazes. A descoberta ocorreu durante mais uma edição do Programa Vem Passarinhar-RJ, realizada no último fim de semana (26 e 27), na unidade de conservação.
Característica do leste brasileiro, centro e leste da Bolívia, Paraguai e norte da Argentina, a Maitaca-verde se adapta a diferentes tipos de hábitats, desde a floresta subtropical úmida à caatinga árida. Geralmente, ela é encontrada em bandos que variam de 6 a até 50 aves, a depender da quantidade de comida existente no local.
Até o presente momento, esse pássaro não se encontra ameaçado de extinção, no entanto, o comércio ilegal e o desmatamento causado pelo homem tem afetado seu habitat. No Brasil, ele é encontrado nas regiões centro-oeste, nordeste e sul do país, por isso, a surpresa de encontrá-lo no interior do Rio de Janeiro.
O projeto Vem Passarinhar incentiva a prática da observação de aves nas unidades de conservação do estado, aliando caminhadas, contemplação da natureza e oportunidades para registros fotográficos à promoção do turismo ecológico e da educação ambiental.
– Esta iniciativa busca fortalecer e qualificar a gestão das unidades de conservação e demais áreas protegidas, por meio da promoção de ações de sensibilização e educação ambiental voltadas aos participantes, contribuindo assim para o engajamento da sociedade na preservação dos recursos naturais e na valorização do patrimônio ecológico – afirma Bernardo Rossi, secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade.
Desde seu início, em 2015, o programa já possibilitou o registro de 525 espécies de aves, o que corresponde a cerca de 65% das 806 espécies conhecidas no estado do Rio de Janeiro. Essa edição teve um gosto especial: além da aparição da Maitaca-verde, os pesquisadores conseguiram registrar cerca de 90 espécies de outras aves, dentre elas, o Bate-bico, cujo registro mais ao norte do Brasil é no PELAG. Esse é um pássaro inquieto, que forrageira sozinho ou em pares, vasculhando a lama ou a vegetação flutuante. Esta espécie é considerada bastante comum nos seus habitats naturais , zonas húmidas e pântanos. Outra surpresa, foi o aparecimento de um Gaviãozinho copulando, que é uma espécie difícil de ser avistada no estado.
Imagem: Samir Mansur
Sobre o parque
Com 8.249,12 hectares, o Parque Estadual da Lagoa do Açu abrange partes dos municípios de Campos e de São João da Barra, no Norte Fluminense. A unidade de conservação tem como um de seus objetivos assegurar a preservação de parte de um dos mais ricos e bem preservados remanescentes de vegetação de restinga do Estado do Rio.
A observação é significativa para a biogeografia de aves neárticas no Brasil, indicando a necessidade de mais estudos sobre sua migração e presença em regiões tropicais, ressaltando o PELAG como uma área relevante para as aves migratórias no Brasil.