O Parque Estadual da Pedra Branca, unidade de conservação administrada pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e situada na zona oeste da cidade, foi palco de uma importante descoberta científica: uma nova espécie de mosca bioindicadora de qualidade ambiental e predadora de insetos foi encontrada por cientistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e da Universidade Federal da Paraíba na cabeceira do Rio Piabas, dentro da unidade de conservação.
Batizada de Hemerodromia mystica, a mosca foi observada em uma região marcada por alta umidade e densa vegetação de Mata Atlântica, condições ideais para espécies sensíveis à qualidade ambiental, como esse novo inseto descrito.
– É gratificante saber que a nossa unidade de conservação ainda nos reserva novidades e é o ambiente ideal para a conservação de uma espécie tão importante. Isso mostra que estamos no caminho certo quanto à execução da nossa política de preservação da Mata Atlântica – destacou o secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi.
A dependência de habitats preservados faz com que a Hemerodromia mystica tenha capacidade de servir como indicadora da qualidade de ambientes aquáticos e florestais. Isso porque larvas e pupas aquáticas da espécie dependem de cursos d’água limpos para se desenvolverem e, por isso, é associada a áreas preservadas ecologicamente. Esse foi o ambiente encontrado no Parque Estadual da Pedra Branca.
Durante a observação, os pesquisadores notaram que a mosca invadiu o casulo de um borrachudo – espécie transmissora de doenças – aproveitando a estrutura para completar a fase de pupa até chegar à forma adulta (esse comportamento é denominado de inquilinismo). Além da relação de inquilinismo, a nova espécie pode se alimentar de borrachudos em diferentes fases de vida. Com isso, essas moscas atuam, de forma natural, no controle dessas populações, que podem transmitir doenças como a Oncocercose e a Mansonelose.
– Trata-se de uma espécie bioindicadora de qualidade ambiental e que apresenta potencial significativo em estudos sobre biocontrole de outros insetos hematófagos e transmissores de doença – explicou o biólogo e pesquisador da Fiocruz, e um dos autores do estudo, Arion Tulio Aranda.
O estudo foi realizado por um período de dois anos, entre a coleta do exemplar, sua criação em laboratório, a descrição do adulto e exuvia, consulta a material comparativo de outras coleções e preparação do artigo em parceria com uma especialista da UFPB. A pesquisa foi publicada em uma revista científica internacional, disponível aqui.
Sobre o parque
Com 12.500 hectares de área, o Parque Estadual da Pedra Branca abrange parte de 17 bairros da zona oeste do Rio. A sede da unidade de conservação fica no núcleo Pau da Fome, em Jacarepaguá, e as subsedes estão situadas nos núcleos Camorim, também em Jacarepaguá, e Piraquara, em Realengo.
A unidade de conservação é reconhecida internacionalmente como uma IBA (Important Bird and Biodiversity Area), ou seja, uma área prioritária para conservação da biodiversidade de aves, pela BirdLife International.