Notícias |09.11.2016

Projeto De Olho no Lixo é lançado na comunidade Roquete Pinto

Uma importante ação socioambiental contribuirá para reduzir o lixo que chega nas 17 ecobarreiras instaladas nos principais rios que deságuam na Baía de Guanabara. Só este ano, quase cinco mil toneladas de resíduos foram retidas e tiveram destinação ambientalmente adequada. O projeto De Olho no Lixo – Baía de Guanabara foi lançado, nesta segunda-feira (7/11), pelo secretário estadual do Ambiente, André Corrêa, na comunidade Roquete Pinto, em Ramos, na Zona da Leopoldina do Rio de Janeiro. De agosto de 2015 até hoje, só a barreira do Canal do Cunha, próxima à Roquete Pinto, impediu que, aproximadamente, duas mil toneladas de lixo chegassem à baía.

O secretário André Corrêa reafirmou que o grande desafio é reduzir a quantidade de lixo que chega nas ecobarreiras e que a educação ambiental é um caminho para isso:

“A nossa proposta é desenvolver programa de educação ambiental nas áreas do entorno das ecobarreiras, envolvendo a comunidade, com o objetivo de mudar o comportamento das pessoas quanto ao destino do lixo. Hoje, 30% do lixo que a Comlurb recolhe são recolhidos do chão. E a gente só consegue isso de forma lúdica, seja através da música ou da moda, como é o caso deste nosso programa, ou seja, algo que desperte na população essa reflexão. É nessa direção que estamos dando hoje o primeiro passo ao trazer o projeto De Olho no Lixo para a Roquete Pinto. A nossa expectativa é estendê-lo para outras comunidades do entorno da Baía de Guanabara”, disse.

O superintendente geral do Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM), Paulo Timm, aprovou a iniciativa e destacou que projetos como o “De Olho no Lixo” são fundamentais para despertar na população uma consciência mais ecológica:

“São 15 municípios situados no entorno da Baía de Guanabara onde vivem cerca de 11 milhões de pessoas, ou seja, quase dois terços (2/3) da população fluminense. Então, é importante que apoiemos iniciativas como essa que possam levar as pessoas a refletirem sobre o seu comportamento quanto ao despejo de lixo.”, disse ele.

O projeto De Olho No Lixo irá capacitar jovens a serem Protetores da Baía de Guanabara. Após a capacitação, eles irão elaborar um plano de ações de limpeza e de educação ambiental, a partir de um levantamento sobre os principais problemas ambientais de sua comunidade quanto à destinação do lixo.

Como parte das atividades desse plano de ação, serão realizados mutirões de limpeza, principalmente nos manguezais e ilhotas do Canal do Cunha, um afluente da Baía de Guanabara onde está instalada uma das 17 ecobarreiras. As demais estão instaladas na foz dos seguintes rios e canais que deságuam na baía: Mangue, Vila dos Pinheiros, Baixa do Sapateiro, Nova Holanda, Rua Darcy Vargas, Vila do Maruí, Ramos, Irajá, Meriti, Iguaçu, Sarapuí, Estrela, Imboaçu, Marimbondo, Brandoas e Bomba.

O projeto De Olho no Lixo também oferecerá aos participantes e à comunidade em geral, atividades complementares de arte e educação ambiental em moda e música, através dos cursos Funk Verde e Ecomoda. As aulas estão previstas para começarem em dezembro.

O Funk Verde oferece oficinas de percussão e teoria musical com o reaproveitamento de materiais retirados do lixo para a confecção de instrumentos musicais; e o Ecomoda é voltado para a capacitação em produção de acessórios e peças de vestuário, reutilizando retalhos, tecidos, jeans usados, banners e outros.

Durante a cerimônia de lançamento, foram exibidos dois vídeos sobre os cursos Ecomoda e Funk Verde desenvolvidos na Rocinha. Uma exposição dos instrumentos musicais do Funk Verde e de peças de vestuário e acessórios, feitos pelos alunos do Ecomoda, foi o destaque do evento.

O tradicional bloco Boca de Siri da comunidade Roquete Pinto fez uma apresentação utilizando os instrumentos musicais confeccionados pelos alunos da Rocinha a partir de resíduos sólidos que teriam como destino a lixeira.

O Projeto De Olho no Lixo é uma iniciativa da Secretaria de Estado do Ambiente e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) que tem como parceiros o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM) e o Programa de Saneamento dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara (PSAM).

Projeto De Olho no Lixo na Rocinha

O Projeto De Olho no Lixo já é desenvolvido na comunidade da Rocinha, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Nos últimos seis meses, foram recolhidas 292 toneladas de lixo por 30 agentes socioambientais capacitados pelo projeto.

O curso Funk Verde já capacitou cerca de 30 pessoas. Segundo a coordenadora do curso, Regina Café, durante as aulas, foram produzidos 40 instrumentos musicais com destaque para a cuíca confeccionada com canos PVC, um tipo de resíduo da construção civil; o pandeiro produzido com garrafa pet em substituição ao couro animal e latas de tinta que foram transformadas em tarol.

O Ecomoda qualificou 43 moradores. O coordenador do curso, Almir França, explicou que esses alunos produziram 418 peças entre calças, vestido, blusas, bolsas e acessórios e que essas peças foram inspiradas em uma característica marcante da Rocinha que são os becos.